Tuesday, April 18, 2006

Dos Símbolos

Artigo 6.º
1- O S. C. Beira-Mar tem como símbolos fundamentais a Corda, a Âncora e a Águia, dizendo da sua origem e da férrea determinação na resistência à adversidade e as cores amarela e preta.
2- Estes símbolos e cores serão usados pelo S. C. Beira-Mar em estandartes, bandeiras, emblemas, guiões e uniformes, bem como em quaisquer outros suportes.
(Redacção actual)
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A principal divergência reside na questão da «Águia» continuar a ser ou não um símbolo fundamental do Clube. O Conselho Geral optou por não tomar qualquer posição sobre esta matéria, remetendo para a Assembleia Geral o debate sobre esta questão.
No entanto, nada me impede de, na qualidade de sócio livre que reclamo ser, manifestar aqui a minha posição que vai ao encontro da posição assumida pelo Departamento de Marketing que procedeu à remodelação do emblema do Beira-Mar.
Em 1998, o Departamento de Marketing do SC Beira-Mar decidiu normalizar o emblema oficial do clube, de forma a desenvolver uma estratégia de comunicação institucional e de merchandising.
Na realização de tal tarefa, recorreu-se a inúmeras pesquisas em diversos suportes, no sentido de apurar os elementos históricos que compunham o emblema do Beira-Mar. Concluiu-se que não existiu só uma versão do emblema. A verdade é que desde a fundação da colectividade até hoje, foram alguns os emblemas utilizados, não existindo coerência entre os vários emblemas em todos seus aspectos, como as cores utilizadas, a figura da águia(?), a relação escudo-águia e o próprio lettering.
Alguns exemplos de emblemas utilizados durante um período de pelo menos 50 anos:

Após esta fase inicial de pesquisa e compilação de informação, o emblema do SCBM foi redesenhado em formato digital. O resultado foi o emblema oficial do SC Beira-Mar.


Após o trabalho de normalização e apesar dos objectivos terem sido alcançados, subsistiu a dúvida sobre as razões que levaram à introdução da águia no símbolo do clube, uma vez que na sua versão original é constituído por uma forma oval, contendo no seu interior uma âncora na qual se entrelaça uma corda. Na pesquisa efectuada não foi possível apurar as causas, no entanto, é fácil deduzir o que terá paralelamente contribuído para uma alteração tão radical.

Esta é uma foto de um dos primeiros plantéis do SCBM captada seguramente nos anos 20. Nas ampliações em anexo é visível o primeiro emblema do clube. Um fundo oval contendo a âncora:


Como é sabido, a região de Aveiro não é um habitat natural de qualquer espécie de águias, quando muito poderão ter existido aves semelhantes, portanto, não há aqui qualquer associação de carácter mais regionalista. Por outro lado, alguns sócios dizem que aquela "ave" seria uma gaivota, e aqui se dúvidas existissem quanto à espécie do animal em questão, elas desfazem-se por completo se analisarmos a letra do "Hino do Beira-Mar"; as estrofes como "Ó águia do nosso emblema..." ou ainda "Ó águia sobe altaneira..." são elucidativas.
Mesmo sendo difícil perceber as motivações desta mudança tão brusca, não será alheio o facto de na décadas de 40-50 ter surgido um número apreciável de clubes que utilizavam frequentemente nos seus emblemas a figura da águia e de outros animais. Será uma pista...

Uma conclusão parece óbvia, não houve um motivo de ordem institucional a justificar esta alteração, houve talvez uma tentativa de acompanhar a "corrente" imposta pelos clubes rivais e tornar o emblema mais imperial. Se tivermos em conta o contexto social da altura, é fácil perceber os estímulos estéticos vigentes. A própria história do futebol fala-nos dos símbolos quase de "guerra" empregues pelas suas tribos (leia-se clubes) na esperança dos mesmos intimidarem de alguma forma o adversário, para além da sorte que eventualmente lhes proporcionaria. Não é por acaso que ao falarmos de "águias", leões" ou "dragões" indentificamos de imediato os clubes conotados com esses animais. Talvez na época, mais do que na actualidade, a referida mudança de emblema fizesse algum sentido pelas justificações apresentadas.

A foto (1926) do nadador Domingos Calisto, recordista nacional dos 400m livres em 1928, é outro exemplo onde podemos encontrar a versão original do emblema:


O emblema com a águia terá sido quase uma obra do acaso aliada às circunstâncias da altura e já aqui referenciadas. Em determinado momento da história do clube, terá ocorrido um "desvio" na sua imagem corporativa pouco consentânea com a sua identidade.

Daí que o Departamento de Marketing tenha procurado corrigir este erro, voltando a "pegar" no emblema original reformulando-o, não esquecendo igualmente a conciliação com a simbologia essencial. Apesar de se tratar de um pormenor mais técnico, importa referir que o emblema “escudo-águia” tem um comportamento algo deficiente quando reproduzido em pequenas dimensões.

Uma relíquia do passado. Um cartão de sócio com mais de 50 anos,que tem impresso o emblema original do SCBM:


Pelos motivos já anteriormente expostos, concluiu-se pela necessidade de adoptar de novo o emblema original, enquadrando da melhor forma os elementos tradicionais.

Importa realçar a justiça que este acto encerra dando continuidade ao sonho e ao espírito dos doze jovens aveirenses que no início do séc. XX, ávidos por dotar a cidade de Aveiro de uma instituição da qual se orgulhasse e que garantisse igualmente a prática desportiva aos seus associados, fizeram nascer este clube à beira-mar. Foi dessa vontade férrea que caracterizava as nossas gentes e dessa abnegação que herdámos a mística que ainda hoje mantemos, de lutar com coragem contra a adversidade. Assim se justifica a escolha da âncora para o emblema.

Assim se chegou ao emblema que teve a sua estreia na Final da Taça em 1999.


Desde então, tem feito parte integrante nas camisolas da equipa de futebol profissional, do material de promoção do clube e é a imagem dominante nos órgãos de informação. Do ponto de vista técnico é mais versátil e não coloca problemas de leitura quando impresso em dimensões mais reduzidas.

Actualmente, este emblema foi adoptado em todos os suportes do clube. As pessoas identificam este símbolo ao Sport Clube Beira-Mar. A estética do novo emblema teve uma excelente receptividade junto da comunidade Beiramarense em particular e da comunidade desportiva em geral.

Na minha opinião, este emblema cumpre com excelência a função “ponte” entre o passado do clube, do qual nos orgulhamos, e o futuro, do qual nos queremos orgulhar ainda mais!

O Beira-Mar já não é o “Beiramarzinho”. Hoje, é o SPORT CLUBE BEIRA-MAR, bandeira de uma cidade e de uma região! Um clube com identidade própria, com uma imagem moderna e preparado para as novas conquistas.

Este é o emblema que aprendi a gostar como gostava do anterior. Este é o emblema que as novas gerações associam ao clube. Este é o emblema do presente que nos projecta para o futuro.

O passado merece memória, merece respeito. O novo emblema eternizou-o, abrindo-lhe novas perspectivas!

Por tudo isto, sou a favor da alteração dos Estatutos do SC Beira-Mar, eliminando a águia como símbolo fundamental do clube e assumindo convictamente o emblema que já é o nosso há muito tempo como o símbolo fundamental do Sport Clube Beira-Mar.

Fico a aguardar as vossas opiniões.

Agradeço que assinem os comentários e coloquem também o nº de sócio.

Nuno Quintaneiro Martins, sócio nº 2047

Termo de Abertura

Este blog foi criado por minha livre iniciativa no intuito de proporcionar uma discussão pública prévia sobre a revisão dos Estatutos do SC Beira-Mar.
Conhecendo a intenção da actual Direcção e do Conselho Geral levar o tema à próxima Assembleia Geral do Clube, entendi, na qualidade de associado nº 2047 do SC Beira-Mar contribuir desta forma para um debate que se pretende elevado.
Enquanto membro do Conselho Geral, já tive oportunidade de me debruçar sobre um projecto de revisão que será brevemente apresentado aos sócios. No entanto, algumas questões não foram consensuais no seio do próprio Conselho, pelo que, a pertinência dos temas em causa merece uma reflexão mais cuidada.
Assim, procurarei trazer a este espaço alguns dos pontos-chave do projecto de revisão, bem como, aqueles sobre os quais o Conselho não tomou posição, aguardando pelo veredicto dos sócios em sede de Assembleia Geral.
Os comentários serão todos bem-vindos. No entanto, serão sujeitos a moderação cuidada. Pretende-se uma discussão aberta e isenta de pré-conceitos.